segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PARTO NORMAL VERSUS CESÁREA

PARTO NORMAL VERSUS CESÁREA

Motivada por um artigo do Prof. Antonio Carlos Lopes(Professor de Clínica Médica) publicado na FOLHA DE SÃO PAULO intilulado Parto Normal x Cesárea, seguido de várias cartas de leitores contrárias às suas colocações, digamos bastante machistas, e depois de outro artigo em Tendências e Debates assinado pelo Dr. Jorge Kuhn dos Santos temos de considerar: é muito ponderada a posição do Prof. José Aristodemo Pinotti, que clama bom senso, em carta no Painel do Leitor da FOLHA de 20/09/08.
Nossa postura é muito clara: no SUS é fundamental estimular o Parto Normal em função de diminuir custos e morbidade materna e neonatal.
Na rede privada as mulheres, no Brasil e nos países desenvolvidos, passaram a opinar na via de parto que desejam e é saudável que possam faze-lo. Lamentavelmente o estímulo ao meritório trabalho de parteiras e enfermeiras obstétricas deixou de existir nas últimas décadas no Brasil o que é ruim. Estas poderiam ajudar em longos períodos de trabalho de parto e assim estimulá-lo!Mas vamos deixar de ser hipócritas: muitos professores de obstetrícia falam, em teoria no estímulo ao Parto Normal, mas só fazem Cesáreas na Clínica Privada. Fazem-nas inclusive em datas definidas por mapa astral ( informação veiculada por VEJA).A questão é multifacetada e depende da região do Brasil analisada e da faixa de renda da população atendida. Além do mais é sempre bom assinalar que pacientes submetidas a Parto Normal têm de 7 a 11 vezes mais riscos de virem a ter PROLAPSOS GENITAIS (queda de útero, bexiga, reto ou ainda incontinência urinária).Finalmente mas não em último lugar é interessante observar que os obstetras(que cuidam da MULHER GRÁVIDA) podem por vezes estimular o PARTO NORMAL mas os ginecologistas(que cuidam da mulher fora da gestação)toda vez que atendem uma mulher com prolapso genital fazem de saída a pergunta:-Quantos PARTOS NORMAIS a senhora teve? Relacionam a queixa aos partos normais! ALGO AÍ ESTÁ INCOERENTE! PENSEM NISTO!!

Dr. Thomaz Gollop

Passeios com a Clarinha

Ontem aconteceu nosso segundo passeio com a bebê fofa Clarinha. Fomos a casa nova da titia babona Sônia. Ela dormiu o passeio inteiro, uma fofura, a família inteira babando em cima da menina rsrsrs tentando acorda-la e nada.

Estou amamentando a Clarinha no peito, mas não me sinto a vontade para fazê-lo na frente de outras pessoas, por isso dei mamadeira para ela, já venho fazendo isso, dou peito e mamadeira, ela não confunde o seio depois, por isso não vejo problema. Mas não é o que pensa minha sogra e o resto da humanidade com seus mil e um palpites.

Minha sugestão: "Cada palpite R$ 10,00". Desta forma a bebê começaria sua vida já milionária. Pois é impressionante a quantidade de palpites que você recebe, e olha que eu achava que na gravidez era muito...RARARA! Eu não sabia o que me esperava. Engraçado é até homem dando palpite. Como ando meio “onça” quando é homem dou uma “patadinha”, tipo: Ah como você já pariu vários, sabe o que esta falando! Rsrsr!
Mas quando é mulher deixo “entrar por um ouvido e sair por outro”. Pois se fosse armazenar tudo que ouço ultimamente já estaria louca... Dando banho de leite de peito na minha filha rsrsr passando colorau nela... Dando chá pra matar a sede e por ai vai! Nossa! O povo deveria ter noção! Pelo Amor de Deus...ninguém merece rsrsr!

Mas até que estou levando na esportiva isso! O que não estou mais levando na esportiva é ficar em casa, todos estes dias cuidando da bebê. É ótimo estar com ela, mas a vida doméstica definitivamente não é pra mim. Sinto falta do trabalho... Dos estudos e já estou agilizando um curso para fazer ainda este ano, pois não quero passar estes seis meses só em casa. Vai sobrar pro maridão! rsrsr! Pelo menos isso né! Já que marido não pari, não amamenta, não engravida e não menstrua, ou seja Deus é Homem para quem tinha dúvida!

bjokas

Até!

Dri

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sobre o Post Anterior

É lamentável o que os convenios médicos fazem. Cobram um absurdo de nós consumidores e pagam uma miséria para os médicos.
Acho super justo o médico que cobra a parte dos convênios valores de consulta e de parto, só que tem que ser bem acertado entre médico e paciente, já na primeira consulta.
Sobre a história do pediatra, se eu soubesse tinha visto um pediatra por fora do convênio e hospital para minha filhinha. Pois hoje quase um mês após o parto o olhinho dela ainda esta lacrimejando por conta do nitrato de prata que pingaram no olhinho dela logo após o nascimento. Embora devesse ser aplicado só em bebês de mães com gonorréria para se previnir a conjutivite. Mas eu uma mulher linda e sadia submeti minha bebê a este "trauma" desnecessáriamente.
Triste né!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Quanto ganha um médico

Segunda-feira 02 de fevereiro de 2009 06:38
Parte dos obstetras cobra adiconal na hora do parto
Sandra Kiefer - Estado de Minas
Marinella Castro - Estado de Minas
Euler Júnior/EM/D. A Press
Daniele Magalhães, com as filhas Gabriela e Laura: na primeira vez, pagou por fora. Na segunda, trocou de médico

“Um pacote de fraldas, R$ 33. Uma consulta com o ginecologista, R$ 33.” “Uma escova progressiva, R$ 261. Um parto com obstetra, R$ 261.” Essas são as palavras da mais recente campanha publicitária veiculada na mídia pela Sociedade dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig). O tom da propaganda, ao mesmo tempo que assusta, levanta uma pergunta que coloca em xeque os planos de saúde e os consumidores contra a parede: com base em honorários defasados, é correto o médico cobrar de seus pacientes por fora do plano de saúde, recebendo deles os valores que os convênios não pagam? A resposta de representantes da própria classe médica é negativa.

Órgãos de defesa do consumidor também condenam a ação, enquanto planos de saúde já levaram a briga para a Justiça. O fato é que, sem um consenso estabelecido, nem mesmo entre os profissionais de saúde, já que alguns cobram e outros não, o procedimento se populariza e o consumidor é quem paga a conta da guerra que envolve a tabela de remuneração da saúde privada. Com receio de mudar de profissional, a única opção para muitos pacientes é desembolsar o adicional.

A maior cooperativa de planos de saúde em Minas, a Unimed-BH, e a Sogimig travam uma batalha judicial. Na ação, os obstetras defendem a cobrança de honorários em caráter particular das pacientes associadas à cooperativa, quando o atendimento ocorrer fora do plantão. O procedimento deve ser previamente combinado com a paciente e – importante – o médico não pode receber também da Unimed. De acordo com o site da Sogimig, até a decisão final da Justiça, os obstetras não estão autorizados a fazer cobrança de particular para particular.

A dentista Daniele Siuves Magalhães paga há mais de 10 anos um plano de saúde, mas só conseguiu utilizá-lo integralmente em seu segundo parto, há nove meses. “Quando minha primeira filha nasceu, paguei um adicional de R$ 800”, lembra a dentista, que não concorda com o procedimento, mas afirma que, para a paciente, é difícil se desvincular do profissional, devido à confiança estabelecida nos nove meses de pré-natal. “No meu segundo parto, troquei de médica e achei muito correta a sua atitude de não cobrar. Eu cheguei até a perguntar quanto custaria, e ela me respondeu que o meu plano cobria o procedimento. O certo é não cobrar.”

O número de denúncias recebidas sobre o tema não é revelado pela Unimed-BH. Mas o fato é que os consumidores podem, com o aval da lei, ser submetidos a uma negociação direta no consultório, variando o valor de acordo com a análise de cada médico. A cooperativa diz que a cobrança direta não tem o aval da Lei 9656/98, que regula o setor, nem do Código de Ética Médica e também não é aprovada pelo Código de Defesa do Consumidor. “Esta é uma prática irregular e fortemente condenada pela cooperativa, que orienta seus clientes a não pagar a cobrança indevida. Sempre que um cliente formaliza uma reclamação, a cooperativa abre processo ético-disciplinar, que pode resultar na aplicação de penalidades ao médico”, argumenta a Unimed-BH em nota oficial. No caso da Unimed o preço pago pode atingir de R$ 960 a cesariana a até R$ 1.223,50 o parto normal.

Ao sofrer na pele a cobrança indevida, a chefe do Procon Municipal, Stael Riani, conseguiu que o médico da operadora de plano de saúde fosse descredenciado. Ela conta que procurou um cirurgião plástico que atendesse pelo convênio para proceder à retirada de pintas na pele. Durante a consulta, porém, o médico cobrou um adicional de R$ 800, argumentando que o plano remunerava pouco aquele tipo de procedimento médico. “Procurei outro médico, que foi atencioso e, em nenhum momento, questionou valores. Apenas marcou a cirurgia”, comenta Riani, que, paralelamente, solicitou a exclusão do outro médico dos quadros da operadora. “É essa a postura que se espera do consumidor. Primeiro, que ele recuse o pagamento do adicional e, depois, procure o seu plano de saúde para relatar o ocorrido”, ensina.

Você tem medo de quê?



Deborah Kanarek






A maioria das brasileiras quer um parto normal, mas não sustenta esse desejo por falta de esclarecimentos, que leva ao medo, e desestímulo do médico. Informar-se é a melhor saída

Um mistério ronda os partos no Brasil. Nossos índices de cesariana estão entre os mais altos do mundo- chegam a 80% nas maternidades particulares. Só que oito em cada dez brasileiras afirmam que querem ter um parto normal, segundo pesquisas realizadas no país - uma delas coordenada pelo Núcleo de Estudos Populacionais da Universidade de Campinas, Unicamp, outra pela Universidade do Texas, ambas publicadas no British Medical Journal. O que acontece, então, entre o desejo e a realidade? Por que apenas 20% das mulheres conseguem realizar o sonho do parto natural? Esta equação envolve inúmeros fatores: a desinformação, o medo da dor, as crendices como ficar com a vagina larga, além do modismo, a idéia de que a cesárea representa um atendimento de melhor qualidade, já que é o recurso preferido das classes mais abastadas. Outra questão decisiva para o desfecho do parto acabar em cesárea está nas mãos dos médicos. Os obstetras estariam valorizando as ansiedades das grávidas em proveito próprio, por comodidade ou vantagens financeiras. 'O modelo de saúde é que é equivocado e reforça a cultura do medo', defende o obstetra Jorge Kuhn, professor da Universidade Federal de São Paulo. 'A falta de conhecimento da mulher sobre o parto alia-se aos interesses econômicos da classe médica para formar a combinação perversa que empurra as gestantes para as cesáreas desnecessárias.' Vale lembrar que nos outros países, mesmo os europeus onde a tradição do parto natural é forte, registra-se um significativo aumento da ocorrência de cesarianas (veja boxe ao lado). A explicação para o fenômeno está na 'evolução da técnica'. Hoje o parto abdominal envolve menos riscos, é uma cirurgia mais segura do que há alguns anos, embora, claro, continue perdendo nesse quesito para a opção natural.
O bolso do médico


Apenas 20% das mulheres conseguem realizar o desejo de ter um parto normal
O sistema de saúde brasileiro atende a mulher diretamente na rede pública e, por meio de convênios, nos hospitais particulares. No SUS, o médico recebe mais por uma cesárea (R$ 387,30) do que por um parto normal (R$ 263,49). Nos convênios, a lógica é a mesma (até R$ 600 o parto normal e até R$ 1 mil a cesárea). 'A tendência é que os convênios paguem aos médicos o mesmo valor para as duas modalidades', afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo, Arlindo de Almeida. A diferença, que já foi bem maior nos planos de saúde, em favor do parto cirúrgico, terminou reduzida como forma de coibir as cesáreas desnecessárias. Com esse mesmo objetivo, em 1998, o governo limitou o pagamento dos partos cirúrgicos e passou a recomendar o uso da anestesia em partos naturais na rede pública. 'Com isso, a situação no SUS melhorou, e a taxa de cesáreas caiu de 36%, em 1996, para 25%, em 2003, mas ainda está longe de atingir os níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de apenas 15%', diz a técnica da área de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Isa Paula Abreu. 'Os médicos, de forma geral, perderam a noção de respeitar o ritmo da mulher no trabalho de parto, priorizando suas conveniências.' O governo prevê que a recomendação da OMS seja atingida em 2007.

Se o médico ganha mais pela cesárea que ocupa uma hora de sua agenda, por que optaria pelo parto normal que pode demorar mais de dez? Falta dar solução ao bolso dos profissionais. Uma saída seria pagar melhor pelo parto normal e cercar a mulher da assistência de outros profissionais. 'Na Alemanha, o profissional que atende a gestante no pré-natal não é o mesmo que faz o parto. Ambos ganham bem e um não precisa fazer a atividade do outro para complementar a renda. Isso significa que o obstetra tem todo o tempo disponível para acompanhar o parto normal', explica Jorge Kuhn. Aqui, uma queixa freqüente dos médicos apontada pela pesquisa da Unicamp é a falta de apoio de uma enfermeira obstétrica para observar o trabalho de parto e acioná-los apenas pouco antes do nascimento. O despreparo dos profissionais e o medo de processos legais também têm levado muitos médicos a preferir a cesárea, na avaliação do secretário da comissão de assistência ao parto da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Eduardo de Souza. 'A cesárea raramente apresenta complicações quando realizada em bons hospitais e com uma boa equipe', afirma.


Incentivos


Daniela faz curso de ioga para gestantes e espera que as técnicas de respiração e relaxamento ajudem no parto normal
Aqui no Brasil, outro fator que faz toda a diferença é a cultura que cerca a mulher e o parto. 'Na Holanda, as revistas e os livros para gestantes não mencionam quase nada acerca da cesariana e explicam passo a passo o que acontece num parto natural', conta a escritora Jussara Machado, que mora no país há três anos, está grávida, e deve ter o bebê até o final do mês. O parto na Holanda, seja ele domiciliar, em casa de parto ou no hospital, é quase sempre acompanhado pelo marido. 'Proliferam cursos chamados 'samen bevalling' (parir junto), em que pai e mãe aprendem técnicas para se ajudarem e há uma infinidade de CDs com músicas para relaxamento e óleos de massagem. A holandesa busca nesse dia um momento inesquecível, especial e o menos frio possível.'

Perguntar a uma grávida se ela fará parto normal ou cesárea é descabido na Dinamarca. A cantora Maria Luiza Lins Brzezinski, que mora no país há dois anos, passou pela experiência. 'Vinha sempre aquele olhar de 'desculpa, não entendi', seguido da resposta parto normal com um ar de obviedade, como se eu tivesse perguntado se ela precisava fazer xixi todos os dias', conta. Essa comparação não é exagero. A dinamarquesa realmente aceita o parto normal com total naturalidade. Sabe que vai doer, vai passar e tudo ficará bem, porque suas mães e avós passaram pela mesma experiência. Também sabe que os obstetras são caros para o Estado e tudo será feito no parto para que eles não sejam necessários.

Sementes do medo


O médico aprende cada vez menos sobre o parto natural na universidade. A cesárea é mais segura para ele
Entre as brasileiras, o desejo por um parto normal, como anunciado nas pesquisas, parece não ter a mesma força. Acaba bombardeado pela desinformação que gera inseguranças, falta de preparação para o parto e medos incutidos até pela Bíblia. 'No Velho Testamento, Deus expulsa Adão e Eva do Paraíso, dizendo-lhes, entre outras coisas, que a mulher pariria com dor, um castigo para o pecado original', diz Abner Lobão Neto, coordenador do Pré-natal Personalizado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele lembra ainda que basta ligar a TV ou ir ao cinema para ver como o parto é retratado com sofrimento. 'Acontece o mesmo na literatura e nas histórias de mulheres mais velhas na família. Como sobrevive assim o desejo por um parto normal?', pergunta o especialista, ressaltando que nessa direção falta apoio dos médicos. 'Eles têm pressa em resolver o parto com a cesárea porque, cada vez mais, recebem menos informação nas universidades sobre como conduzir adequadamente um nascimento vaginal. Ficam inseguros.'


Danielle carregava a mala da maternidade na ponte aérea Rio-São Paulo até entrar em trabalho de parto
A Federação dos Obstetras defende a classe: tem como norma valorizar o parto natural como a melhor opção para a gestante e para a criança, mas reconhece que a cesárea 'constitui importante conquista da obstetrícia moderna'. Em artigo recente publicado na revista da Febrasgo, foi Marcelo Zugaib, professor titular da Faculdade de Obstetrícia da Universidade de São Paulo, quem melhor explicou a visão de boa parte dos médicos. Afirmou que 'não vê problemas quando o obstetra opta por realizar apenas parto cesáreo, desde que a paciente seja informada no início do atendimento'. Para Zugaib, o grande erro é o médico usar da sua conveniência para convencer a gestante a optar por uma ou outra via de parto. No artigo, ele chega a classificar como 'marginal' quem age desse modo. 'Qualquer procedimento estará dentro da ética se houver o total esclarecimento por parte do médico para com a sua paciente sobre as vantagens e desvantagens de cada parto, caso não haja uma indicação puramente médica por uma ou outra via', sustenta.


A gestante de melhor nível social opta pela cesárea e se torna exemplo para a de classe mais baixa
O problema, como observa o obstetra Jorge Kuhn, é que nem todos os médicos agem de maneira tão transparente. 'Preferem um caminho mais sutil, com frases que soam como ameaças veladas a complicações no parto, como 'humm... tá meio grandinho esse bebê', ou 'parece que sua bacia é estreita demais'. Sem contar as alegações para as quais a mãe, leiga, não tem argumentos: cordão umbilical enrolado, pouco líquido, ou, 'olha, acho que não vai dilatar muito mais do que isso nas próximas horas'.' Nesse momento, lembra a parteira Ana Cristina Duarte, que participa da Amigas do Parto, uma ONG que defende o parto normal, a cultura do medo favorece quem detém o poder. 'A gestante, com suas ansiedades normais, mas em geral sem preparo adequado, passa o controle da situação para o médico', afirma.

Planos frustrados


Melissa, com a filha Maria Clara. O desejo por um parto normal deu lugar a um parto cirúrgico na última hora
O caso de Melissa Donato Guimarães, 28 anos, ilustra a situação. Ela queria o parto normal, mas no final optou pela cesárea. 'Fui ficando dividida com os comentários de amigas que achavam a cesárea uma maravilha, porque você marca a hora e não sente dor com as contrações.' E também tinha os seus receios. Incomodava-a a idéia de que o bebê 'ficasse entalado no meio do caminho'. Por outro lado, o parto normal a atraía pela recuperação mais rápida e menos dolorida. A gravidez avançava e com freqüência ela trocava figurinhas com outras gestantes. 'Quase sempre a resposta era cesárea. E me questionava: 'Quem sou eu querendo fazer diferente de todo mundo?' Na penúltima consulta antes da data prevista para o nascimento, terminou o impasse. 'O médico garantiu que estava tudo bem, mas que ainda seria preciso esperar o bebê descer. Eu teria de superar a ansiedade e suportar os inevitáveis desconfortos de final da gestação. Mas havia a cesárea. Resolvi por ela, feita dois dias depois', conta. Melissa está radiante com seu bebê, Maria Clara, lamenta não ter esperado o parto normal, mas assegura que o que sente não é arrependimento. 'Tive fortes dores no corte. Acho que não tive muita sorte com a cesárea.'


Informação e apoio do médico ajudam a driblar os fantasmas que ameaçam o parto natural
Com a comissária de bordo Danielle Carreiro aconteceu o inverso. 'Eu tinha verdadeiro pavor de parto normal', conta. Vivendo entre Rio e São Paulo, passou a consultar-se com dois médicos, um em cada cidade. No Rio, procurou um profissional que a conhecia havia tempos e que respondeu aos seus temores com a promessa de uma cesárea. Em São Paulo, quase foi embora do consultório ao descobrir que o doutor era favorável ao parto natural. 'Como era atencioso, fiquei com ele, apostando que, no limite, embarcaria para o Rio no final para fazer a cesárea.' Com o tempo, Danielle foi confiando na conversa do médico paulistano, que lhe mostrava as vantagens de ter um parto normal. 'O medo parecia mais distante, mas na hora entrei em pânico. Cheguei a me esconder no banheiro da maternidade, dizendo para meu marido que seria melhor pegar um táxi e ir para o Rio fazer a cesárea', lembra. Depois de muita conversa, foi levada para o quarto e relaxou. Passou a tarde conversando com o médico e com o marido. 'Eles me apoiaram durante as 14 horas de trabalho de parto e levei as contrações numa boa. Se eu soubesse que era só isso, não teria sofrido tanto antes', afirma.

Com preparo


É fundamental o médico informar a mulher sobre as várias possibilidades de combater a dor no parto. 'É a melhor forma de acabar com os fantasmas que desestimulam o parto natural', diz o obstetra Luiz Camano, da Maternidade Pró-Matre, em São Paulo. Ele faz um alerta às gestantes que decidem pela cesárea acreditando que sofrerão menos: 'A recuperação pós-parto é quase sempre mais difícil'. Além da boa orientação médica, cursos de preparação para o parto costumam dar boas dicas para gestantes mais aflitas, como se define a assessora de comunicação Daniela Oliveira. Foi numa dessas aulas que ela descobriu a ioga para grávidas. 'Estou apostando que esta preparação vai me ajudar a amenizar a dor nas contrações e facilitar a expulsão do bebê', anima-se Daniela. Sua professora de ioga - e também doula -, Renata Albuquerque, garante que é possível. 'Alivia a dor, por exemplo, a gestante levantar e caminhar durante as contrações', explica. Daniela está decidida a tentar um parto normal. 'Quero sentir o bebê saindo de mim', afirma. Quando uma mulher de classe média opta pelo parto natural, como Daniela, ou pela cesárea, como Melissa, influencia a decisão de muitas outras. Uma pesquisa realizada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, com 5.304 gestantes mostrou que as mulheres com renda familiar maior e nível de educação superior normalmente são submetidas mais às cesáreas do que o restante da população. 'Esse é um dos motivos que levam as gestantes das classes menos favorecidas a desejar o procedimento', explica Fernando Barros, consultor do Centro Latino-Americano de Perinatalogia, ligado à OMS. 'Elas acreditam que a cesariana representa um atendimento de melhor qualidade.' Como se vê, a moda pega...


O parto no mundo
Os índices de cesárea crescem na Europa, onde tradicionalmente sempre foram baixos. Ainda assim, estão em 20%, bem abaixo dos brasileiros, de 35%. Veja como o parto é realizado em alguns países:
Estados Unidos e Canadá
Os índices: Em 2002, os EUA registraram uma taxa recorde de cesáreas: 26,1% - 7% mais que em 2001. No Canadá, o aumento foi semelhante. Na década de 70, a taxa de cesáreas era de 6%.
Como é o parto: Nos EUA, 97% dos partos são realizados em hospitais.
As parteiras assistem 7% dos nascimentos. Os partos domiciliares
e em casas de parto são minoria, ou seja, representam 2% do total.
Inglaterra
Os índices: A taxa de partos cirúrgicos cresceu de 21,5% para 22% entre 2000 e 2002, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas. Em 1970 o número era 4% e, em 1999, ultrapassou o máximo recomendado pela OMS.
Como é o parto: No sistema público inglês são as parteiras que assistem
os partos normais, nos hospitais, sem a presença de obstetra e pediatra.
Os obstetras só entram em cena nos partos que necessitam de fórceps e quando há indicação médica para cesárea. Em média, apenas um terço do total de mulheres recebe anestesia.
Holanda
Os índices: Cesáreas ocorrem em 8% a 10% dos nascimentos.
Como é o parto: Parteiras e médicos assistem os nascimentos na mesma proporção. A taxa de partos feitos em casa é de 35%. A anestesia peridural
só é aplicada em cesarianas.

Fotos Fernando Martinho
Fonte: Royal College of Obstetricians and Gynaecologists e Ican (International Cesarean Awareness Network)

Campanha é lindo! Mas vai você tentar!!!

Mas vai você minha cara amiga, usuária do serviço de saúde particular (convênio médico) desejar Parto Normal, "deixar a vida acontecer naturalmente" como diz a campanha, além de ser tida como doida rsrsrs! Vai ralar muitttttttttooooooooooo atrás de um obstetra que acompanhe um parto normal. Quando busquei, ralei!!!! Muitooo mas encontrei, GO que fizesse PN pare agulha no palheiro. Mas eu consegui! Vitóriaaaaa!!!



O serviço de saúde suplementar no Brasil tem que ser revisto. As condições oferecidas aos obstetras não incentivam em nada a opção destes pelo Parto Normal, pois não compensa financeiramente, e
obstetra também tem conta para pagar, não é? Os obstetras são empresas para trabalhar e não filantropia! Mas o que os convênios oferecem para fazer um parto normal chega a parecer filantropia. RARARA! Convênios médicos tem a "cachorra" de pagar mais pelo perto cesária do que pelo Parto Normal, absurdamente e burramente, pois uma cesária e realizada em 40 minutos no máximo e a dedicação para um Parto Normal é de horas e as vezes dias.


Mulheres! Vamos que fazer algo? Enviem cartas e e-mails para o Ministério da Saúde (Foi o que eu fiz) reclamem nas operadoras de saúde, seus convênios, Secretaria de Saude Suplementar. Vamos chamar a atenção do Senhor Ministro Temporão, pois não é só fazer campanha bonitinha na TV incentivando, é preciso criar leis, mecanismos sérios de incentivo aos médicos e ao sistema particular de saúde.
Temos que parar de pensar como país subdesenvolvido! Pô! minha gente somos emergentes já!!!!hehehe! Não parece mas já somos país emergente.

Temos que repensar o tipo de nascimento que estamos oferecendo aos nossos filhos, criando uma série de procedimentos e protocolos em partos hospitalares e deixando de valorizar a presença humana e profissional de quem os acompanha. Se bem que, boa e quase total culpa desta desvalorização é dos próprios médicos que preferem se vender a corrupção da invenção: Inventam cordão no pescoço, falta de dilatação...mil coisas...Nossa tenho até uma amiga que fez uma cesária por esta com dilatação, acredita? É, a desinformada foi para maternidade com contrações e ouvio do obstetra: "Temos que fazer a cesária pois vc já esta com dilatação!". É lamentável! Vivemos num país corrupto, mas esta corrupção não precisa estar também presente na medicina né, tenha dó! Voltando ao assunto, dos médicos que preferem inventar e sujeitar milhares de mulheres as cirurgias cesarianas eletivas do que atuar política e seriamente para mudar esta realidade.

Um grande abraço a todas e até a próxima! Espero que menos revoltada rsrs!
Beijos!
Dri


terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Atual Parto

"O que se pode dizer atualmente é que dentro de um centro obstétrico bem equipado, a segurança da cesareana é equivalente à segurança de um parto pela via natural. Isso é uma coisa nova e temos que ter cuidado para não tirar conclusões apressadas demais. É certo que atualmente, se usarmos os critérios que vêm sido usados até hoje para avaliar como nascem os bebês, poder-se-ia talvez perguntar finalmente “por que não oferecer a cesárea para quase todas as mulheres grávidas? Por que não fazer a cesárea em todas?” Se considerarmos o número de bebês nascidos vivos, os problemas de saúde que a mulher pode ter depois de dar a luz, o custo, considerando os critérios usuais, hoje em dia se pode dizer que ambas as formas são comparáveis e que muitas mulheres de fato preferem uma cesárea eletiva, inclusive algumas que são médicas. Estudos com mulheres obstetras na Europa e nos Estados Unidos mostram que várias dizem que para o nascimento dos próprios filhos, elas preferem uma cesárea eletiva, sendo este o ponto de vista de muitos médicos e de pessoas leigas. Isso é uma questão importante, porque talvez seja preciso introduzir critérios novos. Se dissermos “por que não oferecer cesárea a todas as mulheres?”, as pessoas têm um tipo de conhecimento intuitivo que há algo de errado nesta conclusão, elas acreditam que a forma como nascemos tem conseqüências a longo prazo, que temos que pensar em termos de civilização... Finalmente, isso nos ajuda a acreditar que é preciso introduzir critérios novos para avaliar como nascemos."

"E há várias formas de compreender de que tipo de critérios precisamos hoje. Há pessoas que possuem um conhecimento intuitivo e que não precisam de informação científica para transmitir esse conhecimento. Elas pensam que podem falar a linguagem do coração. De fato, se elas usarem a linguagem do coração e da intuição, não serão ouvidas por ninguém. Tais pessoas precisam aprender a serem bilíngües. O que isso significa? Precisam aprender a combinar e transmitir o que sabem através da linguagem intuitiva e emotiva com o que sabemos hoje a partir de uma perspectiva científica, que está usualmente fora do campo da medicina. E esta perspectiva científica mostrará quais novos critérios precisam ser introduzidos para avaliar a forma como nascem os bebês, do ponto de vista obstétrico. Dentre as perspectivas científicas a que me refiro, pois há muitas delas, todas participam naquilo que chamo “cientificação do amor”. O que isso significa? Significa que até recentemente, amor era um assunto para poetas, filósofos, novelistas. Atualmente o amor é estudado de várias perspectivas científicas, que podemos mencionar brevemente. A primeira é a perspectiva dos estudiosos da ética, que são cientistas observadores dos comportamentos de animais e de seres humanos, comparando espécies diferentes. Eles foram particularmente os primeiros a nos dizer que os mamíferos, não se separam da cria imediatamente após o nascimento, naquele curto espaço de tempo, que é um período crítico, que jamais se repetirá e que é fundamental para o apego entre mãe e bebê. Isso foi a primeira perspectiva, mas há muitas outras. Uma das mais espetaculares do nosso tempo é uma fornecida por aqueles estudiosos dos hormônios envolvidos durante o parto."

"Sabemos que, para dar a luz, mamíferas em geral e humanas, em particular, precisam liberar um fluxo de hormônios. O componente principal dessa mistura de hormônios é a ocitocina. O que aprendemos atualmente é que a ocitocina não é necessária somente para contrair o útero para o parto e expulsão da placenta, mas talvez seja considerada o típico hormônio do amor. Muito poucas pessoas dão-se conta de que isso é um passo importantíssimo para a história da ciência: o hormônio necessário para o parto é o típico hormônio do amor, necessário para a expulsão do bebê do útero e depois da placenta, também está também envolvido num processo após o nascimento. Então, aprendemos também bastante sobre os outros componentes dessa complexa mistura hormonal. Isso para mostrar que hoje podemos ter uma visão diferente sobre o que acontece quando mamíferas dão a luz e, em particular, mulheres.

Podemos explicar hoje que, para parir é necessário liberar um complexo coquetel de hormônios do amor. Isso é algo novo, que não poderia ser afirmado 30 anos atrás. Isso mostra que tipo de critério deve ser adicionado atualmente aos critérios convencionais para avaliar como nascem os bebês. Significa que precisamos pensar a longo prazo. Até agora, o critério envolvia olhar somente para o período durante o parto, se o bebê nasce vivo e saudável, etc. Quando sabemos que a capacidade de amar está envolvida na forma como nascem os bebês, precisamos pensar em termos de civilização, o que é algo novo, um ponto de mudança na história do nascimento, quiçá também na história da humanidade."

"Podemos nos perguntar o porquê, na nossa sociedade e em quase todas no mundo, muitas mulheres não conseguem liberar o hormônio necessário na hora do parto. De fato, há uma razão para isso: têm sido completamente esquecidas as necessidades básicas de uma mulher durante o parto. Há uma razão para termos esquecido isso: o processo de parto vem sendo controlado pela cultura por milhares de anos. Todas as sociedades conhecidas perturbam dramaticamente o processo de parto, principalmente com rituais, crenças e etc. Temos muitos exemplos, o mais recente é a industrialização do processo de parto. Outra razão é que, durante as últimas décadas, surgiram muitas teorias dando suporte a escolas de parto natural e muitas delas são inaceitáveis no contexto científico atual, elas tornam as coisas muito mais complexas.

No inverno de 1953-54, como um estudante de medicina, eu passei 6 meses na maternidade ... em Paris. E o que eu lembro daquele tempo era a tradicional atitude da parteira quando uma mulher estava dando a luz. O que eu visualizo hoje, em retrospectiva, é uma mulher em trabalho de parto, numa casa pequena, sem ninguém à sua volta, além da parteira sentada num cantinho fazendo tricô. Recentemente percebi a importância de tal atitude, quando ouvi a respeito de um estudo na Universidade de Cambridge sobre a resposta fisiológica da chamada atividade repetitiva, como o tricô, cujo efeito é manter seu nível de adrenalina o mais baixo possível. E isso é importante porque a chave principal quando uma mulher está prestes a dar a luz é que ela precisa manter seu nível de adrenalina o mais baixo possível. Quando a mulher está liberando adrenalina, ela não consegue liberar ocitocina. A liberação de adrenalina é altamente contagiante e você consegue reduzir seu nível de adrenalina se não houver ninguém à sua volta liberando adrenalina. É uma vantagem a parteira poder manter o nível dela de adrenalina o mais baixo possível e este é o efeito do tricô."

"É algo muito simples, que retornou à minha mente há pouco tempo. Só para dizer que, naquele tempo não tínhamos as estatísticas que temos hoje, foi antes da era da cesárea segura, mas até mesmo para primíparas, os partos eram fáceis para muitas delas. Era simples, mas desde então temos tornado as coisas mais e mais complexas, então o que precisamos fazer hoje é redescobrir o que é simples. Quando eu penso numa visão nova do que aprendi nestes últimos 50 anos ou até mais, eu aprendi que o melhor ambiente possível para um parto fácil é quando não há ninguém por perto, exceto uma parteira experiente, maternal e calada. Claro que nem todas as parteiras precisam ser especialistas em tricô, mas isso serve para ilustrar qual deveria ser a preocupação principal da parteira: manter seu próprio nível de adrenalina o mais baixo possível. Temos que redescobrir quem era a parteira originalmente: uma figura substituta da mãe. Num mundo ideal, a mulher se sente segura no parto com a mãe (sentir-se segura é uma necessidade básica para o parto), sem sentir-se observada ou julgada, o que é outra necessidade básica durante o parto: a privacidade. São coisas que precisam ser redescobertas, inclusive a privacidade na hora de parir.

Podemos nos perguntar o porquê de todas as sociedades conhecidas e não somente as modernas, não somente a americana e os países europeus, mas todas elas dramaticamente atrapalharem o processo de parto, através de rituais e crenças. Um exemplo é a mutilação genital, largamente praticada em partes da África. O efeito é uma cicatriz que fará o parto mais difícil. A parteira originalmente era somente alguém como a mãe. Quando você sente que sua mãe não está longe, você se sente mais segura. Mas com freqüência ela se tornou uma guia autoritária, tornando o parto mais difícil."

"O ponto importante é perceber que as sociedades vêm interferindo no processo do parto por milhares de anos. Um exemplo: ao transmitir a crença de que o colostro é ruim (que é o que o bebê pode encontrar no peito logo após o nascimento e que para a ciência moderna é um líquido precioso mas que a maioria das sociedades clamou como perigoso) chegou-se ao hábito de que, após o parto o bebê não fica no peito e nos braços da mãe, mas nos braços de outra pessoa. E para isso é necessário um ritual para cortar o cordão. Tudo para perturbar o que hoje é chamado o terceiro estágio do parto. Posso dar muitos outros exemplos, mas há milhares deles, a conclusão é que se quisermos redescobrir o processo de nascimento, não podemos nos basear em nenhum modelo cultural. É por isso que precisamos da perspectiva de fisiologistas (cientistas que estudam as funções do corpo, estudando o que é universal, comum a todas as culturas).

Em termos de fisiologia, a pessoa é igual em Tóquio e em Londres. O que pode ser um ponto de referência em termos fisiológicos do qual tentamos não nos desviar demasiadamente? Não temos nenhum modelo cultural mas podemos inspirar algumas perguntas: como explicar que todas as sociedades dramaticamente perturbam o momento do nascimento, particularmente a fase do parto entre o nascimento do bebê e a expulsão da placenta? Uma fase importante, quando é esperado que a mãe libere um pico do hormônio do amor, um período de tempo crucial para a expulsão da placenta. E a expulsão da placenta é vital para a sobrevivência da mãe, que pode morrer de hemorragia. É uma fase do parto que é crítica para desenvolver a capacidade de amar."

"Como explicar que todas as sociedades arrumam truques para tornar esta fase mais difícil? Apesar do custo de todos esses rituais e crenças, os efeitos de perturbação do primeiro contato entre mãe e filho e da expulsão da placenta têm um custo enorme em termos de hemorragia e de morte materna. Ainda há muitas mortes maternas no mundo, a maioria relacionada ao sangramento pós-parto por interferência nesta fase. Para explicar esta tendência de perturbar o processo de parto, precisamos lembrar que todas estas culturas partilham basicamente as mesmas estratégias de sobrevivência, sempre de natureza dominante, de um grupo humano dominando outro, uma civilização sempre tentando dominar a outra. Isso tem sido uma vantagem, até agora, para desenvolver um potencial para a agressividade humana. Nestas sociedades, o efeito é de moderar a capacidade para amar, incluindo o amor à natureza e o desenvolvimento do potencial para agressividade como estratégia. Podemos assim explicar a vantagem da interferência no nascimento, mas atualmente há algo novo.

Estamos aprendendo que há limites para o domínio da natureza, percebemos que precisamos viver em unidade com o planeta. De repente, precisamos fazer novas perguntas, por exemplo “como desenvolver o respeito pela Terra, nossa mãe?" Isto é uma nova faceta do amor. Atualmente precisamos criar novas estratégias de sobrevivência e para isso, o que precisamos mais no futuro é provavelmente da energia do amor. Isso significa que todas estas crenças e rituais idealizados para atrapalhar o processo de parto estão perdendo sua vantagem evolutiva. É urgente, apesar da segurança da cirurgia cesariana, descobrir as necessidades básicas da parturiente e do bebê recém-nascido e, para isso, temos que confiar nas perspectivas dos fisiologistas, que estudam as funções do corpo."

“Atualmente, no contexto de grandes departamentos de obstetrícia, a maioria das cesarianas é de fato necessária. As mulheres precisam da cesárea por não estarem no ambiente certo e porque esquecemos as necessidades básicas de uma mulher em trabalho de parto, falta conhecimento sobre a fisiologia do parto. As parteiras atuais não fazem o papel da figura materna, sendo somente um membro da equipe médica. Mulheres não conseguem parir facilmente e precisam de intervenções, de drogas e de cesariana. Isso significa também que hoje as organizações de saúde pública olham para estatísticas e para as taxas de cesárea que são crescentes. O ponto não é dizer que temos que reduzir as taxas de cesárea porque isso pode ser perigoso, mas podemos observar que quando o objetivo primário é reduzir a taxa de cesárea, o primeiro efeito visível é que há mais e mais nascimentos difíceis pela via vaginal. Tenta-se tudo para evitar uma cesárea, então os bebês nascem após partos longos, com intervenções, ventosa, fórceps e é isso é que é perigoso e deveria ser evitado na era da cesárea segura: partos vaginais difíceis. O ponto não é pregar a redução da taxa de cesárea, mas redescobrir as necessidades básicas durante o parto e o resto virá como conseqüência.”

Bjos a todas!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Seu médico faz mesmo parto normal?

Seu médico faz mesmo parto normal?

Muitos dizem que sim, mas, na hora H, acabam convencendo a paciente por uma cesárea. Outros realmente fazem parto normal, mas é de um jeito tão cheio de intervenções que o torna uma experiência dolorida demais: a paciente tem de ficar deitada de barriga para cima o tempo todo; aplicam uma substância que acelera as contrações mas as deixa mais doloridas, cortam o períneo sem necessidade, etc. Se você quer fugir disso, tente fazer algumas perguntas ao seu médico, para ter uma idéia da postura dele com relação ao parto normal. Acredite: nem todos estão dispostos a fazer um, mas poucos vão dizer isso claramente.

1. O que você acha melhor: parto normal ou cesárea? Por que você faria uma cesárea?
Deixe-o falar. Alguns revelam logo sua opção por cesárea. Ao menos é mais honesto do que dizer que vão fazer um parto normal e depois inventar uma desculpa. Então você pode decidir se isso serve ou não para você. Se não ficar satisfeita com a resposta, pergunte também para a secretária qual é a quantidade de partos normais e de cesáreas no consultório. Conversar com outras pacientes na sala de espera também ajuda.

2. Quantos partos normais você fez este ano? Quanto tempo duraram?
Se o médico souber dizer quantos e se, pelo menos em algum caso, ele esperou o parto acontecer, mesmo que demorado, é bom sinal. Outra forma de checar isso é ver se, ao longo dos vários meses do pre-natal, ele desmarca alguma consulta por estar acompanhando um parto. Tudo bem que pode ser incômodo, mas é uma garantia de que ele faz mesmo parto normal, algo que não acontece com hora marcada!

3. Quanto tempo você espera depois de completar 40 semanas?
Se não houver nenhuma tolerância, desconfie.

4. O que acontece na hora do parto, que procedimentos você usa?
Alguns médicos rompem a bolsa ou aplicam ocitocina para acelerar as contrações logo no início do trabalho. Muitos fazem, de rotina, um corte no períneo (episiotomia), sem avaliar se isso é realmente necessário. São indicações de que o profissional não tem paciência para esperar o parto desenvolver-se normalmente, o que pode demorar até 18 horas. Quanto menos intervenções desnecessárias, melhor.

5. Vou poder escolher a posição na qual me sentir mais confortável?
Ficar o tempo todo deitada, com as pernas para o alto, torna tudo mais dolorido. O peso do útero comprime a veia cava, localizada nas costas, o que pode provocar falta de ar para mãe e de oxigenação para o bebê. Cada mulher se sente melhor de um jeito: algumas andando, sentadas, de cócoras ou de quatro durante as contrações. A opção deve ser sua, não do médico.

6. Eu gostaria de saber mais, de ler e de fazer um plano de parto, dizendo como gostaria que tudo aconteça..
Se o médico for partidário dessa idéia, ótimo. Para alguém que incentiva o parto normal, quanto mais a mulher souber e estiver informada, melhor. Para ver modelos de planos de parto – um documento em que você indica suas opções – visite os sites indicados em um post anterior (Muita Calma nessa Hora).

7. Quanto tempo você espera depois que a bolsa se rompe?
Alguns médicos não gostam de aguardar nem um minuto e fazem cesáreas de emergência. Evidências científicas mostram que se pode esperar, desde que mãe e bebê passem bem. A maioria das gestantes entra em trabalho de parto em até 24 horas depois de romper a bolsa.

(Cópiado do Blog da Carol do bebe.com.br)

Bjokas

Dri

Razões


Gente,

Fiquei vários dias sem postas nada no blog e agora venho com turbilhão de informações. Depois do meu parto passei por uns dias tristes. É o chamado Baby Blue, que nada mais é que uma descompensação hormonal que agride a mulher que acabou de parir. Acredito que para suportar a loucura do parto a hípofese trabalha que nem louca produzindo vários hormônios para ajudar a mulher a sobreviver aquela dor, a produzir leite e tb mais hormônio para as contrações uterinas. Desta forma nada mais justo que a dona hípofese tirar umas férias por uns dias para repor as energias né! Só que é nessa que nós mulheres que acabamos de parir temos que encarar as mudanças da vida com um novo membro da família e ainda com os níveis hormônais desajustados é uma montanha de emoções. Eu não queria nem sair da cama só chorava, nossa até eu fiquei com pena de mim rsrsr! Hoje dou até risada mais é triste de mais, parece uma tristeza que não tem fim. Nossa! Mas graças ao bom Deus passou e como não pretendo ter mais filhos acho que passou de vez mesmo! rsrsr!
Bem é isso só pra justificar porque andei tão distante da vida de blogueira.


Bjokas

Carinho

Dri

DEPOIMENTO DO PARTO ESCRITO DIA 08/08/2009


No inicio da minha gravidez um dos temas que mais me aterrorizavam era o parto. Morria de medo do Parto Normal e cheguei a pensar em fazer uma cesária. Mas depois de muito pesquisar sobre o tema decidi que queria um parto normal com anestesia. O médico que me acompanhava no pré-natal desconversava quando tentávamos (eu e meu esposo) tocar no assunto parto. Um dia, no oitavo mês, fui direta e perguntei se ele acompanhava Parto NormaL, ele então disse que PN não tinha como fazer, pois não dava para se programar e blá!blá!blá! Começou ai minha busca por um médico que fizesse PN, não foi nada fácil, mas em um curso de gestante na Unimed conheci meu médico Dr. Alberto Guimarães, ele acompanhou o fim da minha gestação com muita atenção e dedicação e esta dedicação se mostraram ainda mais no dia do meu parto. Na maternidade pedi anestesia ainda com três cm de dilatação, pois a dor foi muito intensa pra mim, mesmo na água, de cócoras, nenhuma das posições e exercícios nada amenizava a dor das contrações que eram muito freqüentes (de 1 em 1 minuto) com duração de 40 segundos. Logo após a anestesia o médico chegou ficou um tempão conversando conosco, nos acalmando. Passaram-se 10 horas de contrações e dores (só que com a anestesia elas se tornam suportáveis) até que minha bebê nasceu. Linda... Fofa as 41 semanas de gestação. Agradeço de mais a Deus, pois foi o momento mais lindo... Mais perfeito da minha vida... A plenitude existe e existiu na minha vida naquele momento. 40 minutos após o parto constatou se que tive retenção placentária (a placenta estava literalmente "colada" e não saia, passei por uma intervenção de curetagem de mais de 3 horas para removê-la. Mas estava totalmente feliz e satisfeita. Não cansava de agradecer ao médico que dedicou mais de 12 horas de seu dia para ajudar minha bebê a nascer.
O mais incrível é que depois do parto parecia que nada tinha acontecido, não sentia nenhuma dor... Nenhum tipo de desconforto. No dia seguinte já consegui colocar a cinta e vestir minha calça jeans e nem parecia que tinha ganhado bebê.

Hoje 9 dias depois do parto, meu corpo já voltou quase que totalmente ao que era antes de engravidar e estou ótima, e muito feliz de ter tido minha bebê de parto normal.

Mas ficou uma lição pra mim nisso tudo:
Esta experiência me ensinou muito... Muito mesmo! Não é o tipo de parto que torna a coisa mágica é o bebê que nasce que ilumina tudo, o tipo de parto é apenas um detalhe no meio deste processo e terceiro e que você não é menos nem mais mãe porque teve um Parto Normal ou Cesária, você será simplesmente mãe.

Bjokas a todas!

Adri

http://diariodeumanovamae.blogspot.com/
Participe da Campanha contra a Taxa do Acompanhante no Parto!


Quem tem medo de parto normal?
Sex, 21/08/09
por Isabel Clemente



A julgar pelas estatísticas, “muita gente” é a resposta correta ao título deste post. O número de cesáreas realizadas no país continua subindo ano após ano. Se, na rede privada, passa dos 80% dos partos realizados, na rede pública, onde o índice costuma ser bem mais baixo – mas ainda assim acima do razoável -, os partos cirúrgicos continuam a subir. Em 1998, 28% dos partos realizados em hospitais públicos foram cesáreas. No ano passado, o percentual estava em 33,25%, segundo o Ministério da Saúde.

Por que isso está acontecendo? A primeira consideração - que nos serve apenas de contextualização - é que se trata de uma tendência nos países industrializados, o que, no Brasil, fica mais patente nas grandes cidades.

Questionada, a coordenadora da área de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Lena Peres, aponta várias questões relacionadas à baixa popularidade do parto normal. Listo abaixo as principais explicações dadas por ela:

- A cesárea é vista como um bem de consumo, tanto que ela acontece mais onde a coisa é paga (rede privada). Nem médicos nem hospitais querem perder tempo com o parto normal, que tem o seu próprio ritmo, nada industrial;

- A formação médica hoje no Brasil está muito voltada para os partos cesáreos porque é a realidade dos hospitais-escola. Quase todos são centros de referência para gestações de risco, o que, traduzindo em bom português, significa partos cirúrgicos, com dia e hora marcados:

- Muitos planos de saúde também costumam pagar mais aos obstetras pela cesárea – o que é um contra-senso, porque o profissional tem que se dedicar muito mais ao parto normal, em termos de disponibilidade;

- A desinformação da parturiente. Duas pesquisas – uma realizada em parceria pela Fiocruz com a Agência Nacional de Saúde, órgão responsável pela fiscalização e regulação dos planos de saúde no país, e outra pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, ambas do ano passado – revelam, num universo de gestantes, que 70% delas gostariam de ter um parto normal, quando sondadas no início do pré-natal. Às vésperas de dar a luz, apenas 30% mantêm a preferência. Para Lena Peres, “ou é desinformação ou um processo de convencimento do profissional de saúde que as atenderam”.

11 de agosto, 19h - Estou com 41 semanas de gestação e me perguntam diariamente quando essa criança vai nascer. Parece que logo. Acabo de deixar o consultório da médica. Estou com 3 cm de dilatação sem ter sentido nenhuma dor. “Só faltam 7”, comemora o marido, exultante. Otimista, completa: “Quem sabe você chega a 8 sem sentir nada?”. Quem sabe, quem sabe. A médica pergunta se eu quero acelerar o processo com um “toque”. Eu, ela e meu marido nos entreolhamos. “Precisa?”, perguntamos. “Não tem nenhuma necessidade. Podemos esperar porque está tudo bem com vocês duas”, me responde ela. “Então deixa essa neném chegar na hora dela”. Fomos embora.

As cesáreas são um avanço da medicina moderna. Salvam vidas porque, em alguns casos, são a única opção. Mesmo quando não são a única opção, acabam sendo a escolha de muitas mulheres por motivos variados e, como toda escolha, implica trocas. Tem gente que prefere enfrentar uma hora na cadeira do dentista sem anestesia para não passar horas depois com a bochecha dormente. Conversei em certa ocasião com uma moça com síndrome do pânico. Naquela situação, ela achou mais prudente marcar a cesárea, temerosa de um ataque durante o trabalho de parto. As prioridades pessoais são inquestionáveis. É preciso dizer também que dor não é algo fácil de encarar, porque é intraduzível, incomparável e o limiar de cada um, um universo insondável. Somos treinados para buscar o prazer, o tempo todo. O que dizer da dor? Esse incômodo que parece nos tirar do eixo, de si, do confortável? Só não faz sentido acreditar na máxima de que “a dor do parto é a pior que existe”. Me pergunto se o autor de suposto conhecimento sentiu no próprio corpo todas as dores possíveis a ponto de compará-las. Não que seja uma delícia, mas não tem gestação sem sacrifícios. A mulher se transforma do início ao fim, ou melhor, ao pós-parto.

Médicos adeptos de práticas humanizadas no atendimento obstétrico defendem o parto normal, porque cirurgia sempre envolve certa dose de risco. Fora a questão da recuperação da mãe, mais fácil depois de um parto normal. Uma semana depois do parto, meu útero – que se distendeu por nove meses - não é sequer palpável.

12 de agosto, 3h – Na mesma noite, não consigo dormir. Eu e minha bebê estamos agitadas. Durmo às 4h para acordar quatro horas depois. Às 9h, percebo contrações ritmadas e aviso meu marido, por telefone, no trabalho. Ele volta e vamos para o consultório de novo. Às 11h30, a médica constata que já estou com 5 cm de dilatação. “Metade do caminho!”, comemoramos. Como diante da obstetra as contrações cessam, recusamos a proposta de fazer logo a internação. Eu queria tomar banho, almoçar… Vamos em casa e nos encontramos às 14h, pode ser?Combinado.

O excesso de cesáreas é preocupante do ponto de vista de saúde publica pelos gastos e riscos desnecessários. Custam mais aos hospitais públicos e respondem por índices lamentáveis, como o de morte materna a elas associadas e a prematuridade. Bebês tirados antes do tempo estão mais sujeitos a doenças respiratórias. “Dos cinco casos de morte materna registrados este ano na Paraíba, até maio, quatro estão relacionados à cesárea”, diz Lena, do Ministério da Saúde. “O Brasil é um dos campeões em morte materna, é um absurdo”, diz.

A França, por exemplo, onde o índice de cesáreas (18% dos partos) está bem abaixo do brasileiro, voltou a incentivar o parto domiciliar, numa tentativa radical de tirar dos hospitais os nascimentos de gestações sem risco. A hospitalização dos partos é um processo recente na história da humanidade e, na opinião de estudiosos, tem a ver também com o movimento feminista que bateu de frente com preceitos perpetuados pela religião, como o de que as descendentes de Eva estavam condenadas a sofrer para colocar seus filhos no mundo. Quando surgiram drogas capazes de jogar por terra o tal do sofrimento, a solução já estava dada. Vamos parir, sem dor! Foi o pontapé inicial para um processo de hospitalização do parto e de afastamento das parteiras, rotuladas a partir de então como pessoas inabilitadas. O documentário The Business of Being Born aborda essa questão. O filme alterna depoimentos de médicos, parteiras e, entre uma informação séria e outra, mostra a encenação cômica de um parto em que os médicos, sempre muito durões, gaiatos e decididos, dizem para a parturiente: “você não está qualificada para fazer isso. Deixe com a gente!”

12 de agosto, 13h. Com muita pena, desisto de comer o estrogonofe. Os intervalos das contrações não são suficientes para eu mastigar e engolir. Sempre fui lenta para comer. Enquanto minha filha mais velha se arruma para ir à escola, corremos com bolsas e documentos para a porta. Aviso o que está prestes a acontecer. “Que beleza, mamãe! Ela vai chegar hoje!”, reage minha primogênita à notícia de que a irmã está para nascer. “Mal posso esperar para ver a carinha dela…”, diz a pequena. Saio de casa com aquele sorriso na memória, enquanto a minha memória também se encarrega de me lembrar como isso dói. No caminho, também abolimos a ideia (de jerico) de passar no caixa eletrônico. Na porta do hospital, esbarramos na burocracia. Não me deixam ir para a maternidade enquanto não preencher as guias de internação. Falta carimbar, registrar, selar, telefonar, rotular. A mulher da recepção me diz que “está tentando ajudar”. Lembro do carimbador maluco do Plunct Plact Zum, que não queria me deixar ir a lugar nenhum. “Escuta, estou em trabalho de parto, avançado, preciso subir!”. Como resposta, me perguntam o CEP, depois de fazer a mesma pergunta pro meu marido ao meu lado. “Você tá falando sério? O CEP!!??? Você não pode copiar a ficha dele na minha? Ela perguntou o meu CEP???”, reajo, perdendo a paciência. Ando de um lado para o outro como uma onça enjaulada.

Alguns mitos acabam estimulando e sustentando a necessidade de cesárea, mesmo quando ela é perfeitamente dispensável, na opinião do obstetra Frederico Coelho, de Brasília. O mais comum é que “uma vez cesárea, sempre cesárea”. “Não é verdade. O cuidado que se tem é não usar hormônios artificiais para estimular as contrações porque, com o estímulo, as contrações vêm mais fortes do que o normal, o que pode representar uma ameaça para um útero que já foi suturado”, explica. Outro mito é o da lesão vaginal. “O músculo dessa região é próprio para fazer esse esforço”, diz Lena, do Ministério da Saúde. Eu acrescento mais um dado que ajuda a construir no imaginário de várias gerações de mulheres o pavor do desconhecido porque eu tinha esse medo: as novelas adoram cenas de mulheres em trabalho de parto sofridíssimos, sendo empurradas numa maca como se estivessem a caminho da morte. Eu tinha esse medo e descobri que a informação é o melhor antídoto contra uma imaginação destrutiva. “Se a paciente não quer o parto normal de jeito nenhum, não fico dando murro em ponta de faca. A gente tenta trabalhar o medo, mas nem sempre funciona”, diz a obstetra Rachel Reis.

12 de agosto, passam das 13h30. Já sem condições de andar, sento um tanto contrariada numa cadeira de rodas. Se não tivessem me retido por tanto tempo na entrada, eu tinha ido a pé. Estou num elevador, cercada por pessoas estranhas, sendo empurrada por um dos seguranças igualmente estranho porque meu marido ficou lá embaixo respondendo às perguntas da carimbadora maluca. Quando a contração chega, seguro a vontade de pegar na mão de alguém e me lembro que não estou num avião caindo, mas indo dar a luz. Ponho uma cara de paisagem e fecho os olhos. Quando encontro minha médica, as dores já estão fortes à beça (aqui, o leitor pode substituir o “à beça” por uma “locução adverbial de palavrão” para ser mais fidedigno ao que eu quero realmente dizer). Passo para uma maca e sou empurrada por um corredor sem fim. Não acredito que estou numa maca.

Passo por um senhor deitado em outra maca e constato que ainda devo estar longe do meu destino. Definitivamente, ele não tinha um bebê na barriga. Dou um sorrisinho e aceno para ele antes de ser atacada por uma nova contração. Ouço as enfermeiras conversando atrás de mim com voz engraçada de criança. “Ô meu Deus, o que houve?”, diz uma. “É neném…neném querendo nascer!!”.
- É seu primeiro?, uma pergunta.
- Não, a segunda.
- O primeiro também foi normal?
- Sim – digo, com um sorriso no rosto.
- Eu também tive dois de parto normal. É a melhor coisa, me diz ela.
- Melhor coisa, melhor coisa…

No centro obstétrico aparece finalmente meu marido. Como é bom tê-lo ao meu lado. A doula – uma fisioterapeuta treinada em saúde da mulher que me deu assistência também antes e durante o parto (saiba mais sobre doulas). Sento numa bola de pilates e tento relaxar. Deu certo. A médica e a doula me lembram que a contração é uma onda, já está indo embora… A doula começa uma sessão de acupuntura e me surpreendo com uma contração suportável. Vai funcionar, comemoro em pensamento, mas quase arranco o antebraço do meu marido na contração seguinte. “Cadê o anestesista?”, apelo. Minha médica – uma mulher experiente e doce que ainda por cima passou por três partos normais, sendo um sem anestesia – me lembra que falta muito pouco. “Tem certeza? Eu acho que você aguenta, Bebel”. Eu aguento? Talvez, talvez, mas não vou ter tempo de mudar de ideia daqui a pouco… O homem aparece. Quando ele me avisa que, mesmo depois de me anestesiar, ainda sentirei duas contrações fortes e que ainda por cima não posso me mexer durante o procedimento (cujos detalhes tento não imaginar para não impedi-lo de fazer), titubeio. Valerá a pena? Faço uma confissão final tentando transferir para a comida a decisão que eu temia tomar: comi um pouco de estrogonofe. “Não tem problema”. Então vamos nessa.

Meu primeiro parto normal não foi nada fácil. Da primeira contração ao nascimento, levei mais de 24 horas acordada. O cansaço me marcou mais do que as dores em si. Saí da experiência, no entanto, convicta de que faria tudo de novo e certa também de que, a partir daquele momento, eu seria capaz de tudo na vida. Teria sido acometida da tal amnésia pós-parto? Dizem também que é uma dor que a gente esquece. Bem, eu lembrei delas rapidamente já no elevador.

A poucos minutos da chegada da minha segunda filha, a analgesia fez efeito, sem que eu perdesse o controle da situação. Continuei dona da história, protagonista daquele momento. Sorri. Vi meu marido do meu lado e nosso amor em forma de gente sair de dentro de mim.

O Ministério da Saúde deu início a um programa de reciclagem médica para treinar os profissionais do Sistema Único de Saúde em parto normal. São 24 horas intensivas de curso, já ministradas no Distrito Federal e no Rio de Janeiro. A partir de 2010, as universidades também serão obrigadas a garantir um mínimo de treinamento em parto normal dos médicos em formação. Independentemente do tipo de parto, o que me incomoda são histórias de mulheres que nunca terão a certeza sobre a necessidade da cesárea por que passaram quando estavam dispostas a enfrentar o parto normal. Conheci uma moça que estava sendo acompanhada por cinco obstetras porque nenhum deles lhe garantiu que desmarcaria as pacientes dos consultórios para acompanhar um parto sem data marcada. As estatísticas mostram que a maior parte dos bebês nascidos em hospitais privados chega de segunda a sexta, no horário comercial. No dia 12 de agosto, até as 14h30, cinco bebês tinham nascido no hospital onde estávamos. Só o meu parto tinha sido normal.

13 de agosto, 18h – À tarde, deixamos o hospital. Ao pisar do lado de fora do prédio, protegi minha filha do vento seco e quente daquela tarde no Planalto Central. O céu estava azul claro e eu continuava com a sensação de entupimento nos ouvidos, como se estivesse congestionada por um resfriado. Talvez pela força que fiz no parto. Enquanto esperava nosso carro, vi uma moça carregando o seu “pacotinho”. Sorrimos uma para a outra em cumplicidade. Independentemente do parto que tivemos, vivíamos certamente um mesmo sentimento: nossa aventura com aquele filho estava apenas começando.

domingo, 23 de agosto de 2009

Dr. Claudio Basbaum

Claudio Basbaum e a luta por uma medicina mais humanizada

Como precursor e introdutor no Brasil, nos anos 1970, do chamado Parto Leboyer e da técnica de massagem para bebês (Shantala), o ginecologista e obstetra Claudio Basbaum iniciou sua trajetória na medicina rompendo os paradigmas vigentes. Buscava persistentemente devolver a naturalidade ao ato de nascer.

Inovou ao ser um dos primeiros a pôr em prática e a divulgar no país o parto de cócoras, a ioga na gestação, a presença do pai na sala de parto, o alojamento conjunto com o bebê e os conceitos de psiquismo fetal. Chegou a ser taxado de “rebelde” por tais idéias – hoje consideradas naturais –, o que culminou com a sua proibição de atuar em um dos mais importantes hospitais do país.

Mas as novidades que trouxe ao Brasil não pararam por aí. Antes mesmo de conhecer o parto sem violência do francês Frederick Leboyer e desenvolver suas próprias experiências com base nessas idéias, o dr. Basbaum foi um dos introdutores da técnica de laparoscopia. E, mais tarde, das evoluções desta, a videolaparoscopia e a videohisteroscopia. Foi quem introduziu no país o primeiro equipamento de laparoscopia com fibra óptica.

São métodos que revolucionaram a medicina nas últimas décadas, ao aumentarem a precisão dos diagnósticos e inaugurarem as cirurgias pouco invasivas – feitas de alta tecnologia e de cortes milimétricos, que minimizam os riscos de infecção, respeitam os órgãos genitais femininos, mantêm a fertilidade, além de promoverem resultados estéticos incomparáveis.

Dr. Basbaum foi buscar conhecimentos sobre a laparoscopia na França, nos anos 1960, com o “papa” da técnica na época, professor Raoul Palmer. Pôs em prática o que aprendeu no Brasil, dividido entre o Serviço de Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP e o da Faculdade de Medicina da Unicamp. Buscou se aprofundar no assunto com profissionais de outros países, como Buenos Aires, Itália, Bélgica, Estados Unidos.

O resultado desse investimento veio em 1989, quando executou, no Hospital São Luiz, de cujo corpo médico faz parte há 30 anos, as primeiras videolaparoscopias e videhisteroscopias do país. Ao seu lado estava um grupo pequeno de médicos entusiastas desses métodos. Daí para frente essas cirurgias mini-invasivas passaram a ser feitas em larga escala. Dr. Basbaum ministra cursos de aperfeiçoamento, orienta estágios, é um grande incentivador da técnica.

Pelas suas mãos, um número cada vez maior de patologias ginecológicas pôde ser tratado com a videolaparoscopia, como a retirada de miomas, histerectomia total e sub total, gravidez tubária, inclusive sem danos aos órgãos da mulher – na chamada ação “conservadora” – e a endometriose. No caso desta última, os conhecimentos atuais, explica ele, permitem o tratamento de endometriose severa profunda, que causa muitas dores e infertilidade, de forma bastante eficaz.

A preocupação com tratamentos que levam em conta os aspectos subjetivos das doenças ginecológicas e a preservação dos órgãos das mulheres levou-o a fundar a Pró-Matrix e a lançar campanha para que as pacientes “salvem” seus úteros, informando-as sobre as novidades tecnológicas que podem impedir tal “mutilação”. Na mesma linha associou-se a outros especialistas para criar a unidade Utherus, parte integrante de uma equipe internacional multidisciplinar de pesquisa e tratamento por embolização dos miomas uterinos sintomáticos.

Como fio condutor que liga todas essas empreitadas do dr. Basbaum no campo da ginecologia-obstetrícia está a preocupação com o lado humanístico da medicina. “A tecnologia teve grandes avanços, mas o ser humano não pode ser esquecido”, costuma dizer, e com a autoridade de quem se dedicou a entender e a utilizar a mais avançada tecnologia na arte de curar.

Para o dr. Basbaum, praticar medicina é usar sensibilidade para acolher e entender suas pacientes e ajudá-las a ter mais qualidade de vida. É agir de forma conservadora em relação à retirada de órgãos e a incisões cirúrgicas. É recusar o “modelo biomédico de assistência”, centrado na doença e não na pessoa. Para ele, enfim, é necessário abandonar a medicina tecnicista, aquela em que o exame clínico é totalmente substituído por exames de laboratórios, e adotar uma medicina mais humanizada, que devolva qualidade e confiança à relação médico-paciente.

Método Leboyer propõe o nascimento de bebês sem violência

É Lindo+++

Gente assistam é maravilhoso!

Domingo, 04/02/1979

O bebê sente o carinho da mãe e o calor das mãos do médico logo que nasce. O Dr. Leboyer que criou o método, afirmava que o parto pelos métodos tradicionais é uma violência.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Alegria do bebê

Nada se iguala no mundo! Ser mãe é incrível. Ontem postei sobre o parto e falei sobre as dores, tudo muito grande grande mas é nada perto de se ganhar um bebê, de ser mãe e ter esta nova vida em casa.

A Clarinha é um docinho! Não dá trabalho nenhum, exeto quando acabamos de trocar sua frauda e antes mesmo de sair do trocador já constatamos que a frauda tem que ser trocada novamente rsrsr!!! O mais engraçado é que ficamos felizes. Babando...ela é linda e nada como o cheiro da cria...
Bjokas e até o próximo post!